quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pais e professores propõem inclusão de inglês no currículo no 1.º ano para evitar desigualdades

In http://www.educare.pt

Lusa / EDUCARE 2008-09-08

As escolas são este ano obrigadas a oferecer Inglês como Actividade de Enriquecimento Curricular aos alunos dos 1.º e 2.º anos do Ensino Básico, mas pais e professores querem que esta língua faça parte do currículo.


Até ao ano lectivo 2007/2008, esta língua estrangeira só era obrigatória para os 3.º e 4.º anos da antiga primária, apesar de metade dos estabelecimentos de ensino já a oferecer nos primeiros dois anos do 1.º ciclo.

Segundo um despacho publicado em Maio em Diário da República, os agrupamentos de escola terão de definir um plano de Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), "seleccionadas de acordo com os objectivos definidos no projecto educativo da escola", mas estes planos terão de incluir obrigatoriamente o Inglês e o Apoio ao Estudo para todos os anos de escolaridade.

A frequência das actividades de enriquecimento curricular é gratuita e ao mesmo tempo facultativa.

Este factor, segundo pais e sindicatos, prejudica o ensino do inglês à chegada ao segundo ciclo do Ensino Básico, porque os alunos estão em níveis diferentes.

"No quadro das AEC, como elas estão previstas, há dificuldades em muitas zonas do país para cobrir as necessidades e vamos estar muito atentos, vamos avaliar o que se vai passar no terreno", disse à Agência Lusa Albino Almeida, da Confederação das Associações de Pais (CONFAP), destacando que as associações de pais fazem uma avaliação globalmente positiva do ensino do inglês nas AEC, uma vez que "as crianças que tiveram inglês no primeiro ciclo acabam por revelar-se melhores alunos nas dificuldades no conhecimento da língua inglesa no 2.º e no 3.º ciclos".

"Acreditamos que no futuro, quando o Ensino Básico evoluir para o ciclo único dos zero aos seis e dos seis aos 12, venha já a incluir a partir dos seis anos a iniciação a uma língua estrangeira ou até a mais do que uma em termos de opção", defendeu o presidente da CONFAP.

A Federação Nacional de Professores (FENPROF) considera que é pouco o inglês ser uma AEC, porque "deveria fazer parte do currículo do primeiro ciclo", e junta-se à Federação Nacional da Educação (FNE) para considerar que o facto de algumas crianças terem inglês e outras não pode criar um factor de desigualdade à entrada para o segundo ciclo.

"Significa uma desigualdade para os alunos que não têm e até uma dificuldade de trabalho para os professores do segundo ciclo quando eles chegam ao segundo ciclo, porque há uns que tiveram e outros que não tiveram", disse Mário Nogueira.

"É claro que vai criar uma questão de desigualdade à chegada ao 2.º ciclo, mas isso é uma questão que o sistema vai ter que resolver", destaca, por seu lado, João Dias da Silva, da FNE, salientando, contudo, que "não basta dar inglês às crianças: é preciso saber em que condições se dão essas aulas".

O ensino do Inglês "é desejável em condições de remuneração adequada para as pessoas que vão ser encarregadas disso, que não estejam a ser pagas a recibos verdes, que estejam a ser pagas devidamente e que se acabe com a situação precária dessas pessoas", destacou Dias da Silva.

Para os alunos do 1.º e 2.º anos, a duração semanal do ensino de Inglês é de 90 minutos, enquanto para os alunos do 3.º e 4.º anos esse tempo mantém-se nos 135 minutos. Em ambos os casos, a duração diária de cada bloco não pode ultrapassar os 45 minutos.

Já a actividade de apoio ao estudo, para realização de trabalhos de casa, por exemplo, terá uma duração semanal não inferior 90 minutos.

Além das duas actividades obrigatórias, os planos podem incluir outras actividades de enriquecimento curricular, nomeadamente o ensino da música, a actividade física e desportiva, o ensino de outras línguas estrangeiras e de outras expressões artísticas.

Segundo o ME, "a frequência das actividades de enriquecimento curricular depende da inscrição dos alunos por parte dos encarregados de educação, que assumem o compromisso de os seus educandos frequentarem as actividades até ao final do ano lectivo".

Para a realização destas actividades, o ME estabeleceu regras, como o perfil dos docentes, o número mínimo de horas semanais, e de financiamento: à excepção do apoio ao estudo, tanto o Inglês como as restantes AEC são comparticipadas financeiramente pelo ME, de acordo com montantes variáveis.

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