quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Mais de 100 mil alunos sem apoio psicológico

Especialista acredita que o Ministério está a esquecer a educação especial

in http://aulas.iol.pt


Mais de 100 mil alunos com necessidades especiais estão sem qualquer apoio pedagógico, de acordo com o professor catedrático da Universidade do Minho, Miranda Correia, citado pela Lusa.

O Coordenador da Área de Educação Especial da Universidade do Minho chegou a este número baseando-se no facto de não existirem estudos efectivos do número de crianças com necessidades especiais e de o Ministério da Educação apresentar uma estimativa «muito abaixo de qualquer estudo internacional».

Para o ME, as crianças com necessidades especiais «rondam os 1,8 por cento, um número totalmente abaixo de qualquer estudo internacional», afirmou Miranda Correia, que defende situarem-se entre os oito e os 12 por cento os alunos que têm dificuldades de aprendizagem específicas.

Para o especialista, aquela diferença representa que mais de 100 mil alunos estejam fora das contabilidades e apoios do Ministério: «Entre 100 a 150 mil alunos com necessidades educativas especiais estão sem apoio, sendo que metade diz respeito a dificuldades de aprendizagem específica, como a dislexia», disse, alertando para o perigo de estas situações acarretarem «graves problemas de insucesso escolar».

«Estamos ainda na Idade Média»

Além desta contabilidade diferenciada, as organizações que trabalham com crianças com necessidades educativas especiais criticaram esta semana o financiamento atribuído pelo ME, considerando mesmo que a «falta de verbas» poderá pôr em causa os apoios prestados aos alunos.

Com a reforma da educação especial, que prevê a integração de todas as crianças com deficiência no ensino regular até 2013, as escolas especializadas estão a transformar-se em centros de recursos, tendo apresentado este ano, pela primeira vez, projectos de apoio educativo que vão ser desenvolvidos em parceria com os estabelecimentos de ensino regulares.

A ex-professora Rosa Guimarães, da Associação Nacional de Deficientes acredita que «estamos ainda na Idade Média». Muitas crianças com deficiência «estão na escola, mas fazem uma vida totalmente à parte». Existem ainda os alunos «com problemas de aprendizagem, como os que têm dificuldades de linguagem que deixaram de ter apoio. Agora só as crianças com grandes dificuldades passam a ser acompanhadas», acusou Rosa Guimarães

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